martes, 26 de enero de 2010

Ojarasca: 187 razones por las que los mexicanos no pueden cruzar la frontera (remix)

Juan Felipe Herrera en Ojarasca, suplemento indígena del periódico La Jornada
Los vampiros de Whittier Boulevard, amplia selección en castellano de la poesía de Juan Felipe Herrera, que marca la aparición del nuevo sello editorial alternativo Sur+, presenta para el lector nacional una buena muestra del registro y el riesgo de esta escritura. Herrera nació en Fowler, California, en 1948, hijo de migrantes mexicanos, y con casi treinta libros y un montón de inspiradas travesuras, es uno de los creadores más sensibles y consistentes de la literatura chicana y transfronteriza. 
Ya conocido por los lectores de Ojarasca, ahora presentamos amplios pasajes de 187 Reasons Mexicanos Can’t Cross the Border (1994, revisado en 2007), largo poema en parodia de la famosa Propuesta 187, uno más de los intentos del Congreso estadunidense para “controlar” la migración de nuestros connacionales.
Juan Felipe Herrera: Los Vampiros de Whittier Boulevard. Selección de Regina Lira y Gabriela Jáuregui, traducción del inglés de Santiago Román. 

Algunas de las 187 razones por las que los mexicanos no pueden cruzar la frontera (remix)

Juan Felipe Herrera

Porque todavía nos parecemos a La Malinche
Porque la multiplicación es nuestro deporte favorito
Porque vamos a cavar un túnel a Seattle
Porque México nos necesita para que el peso no se hunda
Porque el Muro de Berlín ya viene llegando por Veracruz
Porque recién nos enteramos de que somos huicholes
Porque alguien hizo nuestras identificaciones de maíz
Porque nuestra sed de frontera es insaciable
Porque estamos en peyote & Coca-Cola & Banamex
Porque es tierra india que les robaron a nuestras madres
Porque somos muy sentimentales cuando se trata de nuestras madres
Porque ya llevamos haciéndolo más de quinientos años
Porque es demasiado fácil decir “soy de aquí”
Porque el jugo petroquímico de Latinoamérica fluye primero
Porque qué haríamos en El Norte
Porque el náhuatl, el maya y el chicano se extenderán hasta Canadá
...
ver más: TEXTO COMPLETO EN OJARASCA
SUPLEMENTO COMPLETO EN PDF

viernes, 15 de enero de 2010

Poema de Corinne Kumar... ¿manifiesto de sur+?


Corinne Kumar, escritora, fervorosa activista en defensa de los derechos de la mujer, poeta y "peregrina de la vida", como ella misma se define, escribió un poema en la introducción del libro Asking we walk: the south as a new political imaginary, editado por ella, que bien podría ser el manifesto de sur+ ediciones. De no haberlo escrito ella, nos veríamos en la difícil y sin duda infructuosa obligación de escribirlo nosotr@s. Lo transcribimos aquí en inglés y en traducción al español:

From my central mountain, the point where stillness and movement are together, I invite you to listen to the wind;

More specially to the wind from the South: the South
as third world, as the civilizations of Asia, the Pacific,
the Arab world, Africa, Latin America; the South as the voices
and movements of peoples, whether these movements exist;
The South as the visions and wisdoms of women:

The South as the discovering of new paradigms,
which challenge the existing theoretical concepts and categories
breaking the mind constructs, seeking a new language to
describe what it perceives, refusing the one, objective,
rational, scientific world view as the only world view:
the South as the discovery of other cosmologies, as the
discovery of other knowledges that have been hidden,
submerged, silenced. The South as an
'insurrection of these subjugated knowledges.'

The South as history; the South as memory

The South as the finding of new political paradigms,
inventing new political patterns, creating alternative
political imaginations: the South as the revelation of each
civilization in its own idiom: the South as conversations
between civilizations:

The South then as new universalisms

And in our searching for new understandings of the South,
it promises to bring to the world new meanings,
new morroings.

It invites us to create new political imaginaries

The South then as a new political imaginary


[español]

De mi montaña central, del punto donde la quietud y el movimiento están juntos,
te invito a escuchar el viento;

Específicamente el viento del Sur: el Sur
como tercer mundo, como las civilizaciones de Asia, el Pacífico,
el mundo árabe, África, Latinoamérica; el Sur como las voces
y movimientos de pueblos, donde quiera que existan esos movimientos,
el Sur como las visiones y sabidurías de las mujeres:

El Sur como el descubrimiento de nuevos paradigmas,
que desafían los conceptos y categorías teóricas existentes,
rompiendo las construcciones mentales, buscando un nuevo idioma
para describir lo que percibe, rehusando la visión de mundo
objetiva, racional, científica como la única visión de mundo:
el Sur como el descubrimiento de otras cosmologías, como el
descubrimiento de otros saberes que han estado escondidos,
sumergidos, silenciados. El Sur como una
'insurrección de los saberes subyugados'.

El Sur como historia; el Sur como memoria

El Sur como el descubrimiento de nuevos paradigmas políticos,
inventando nuevos padrones políticos, creando imaginaciones
políticas alternativas: el Sur como la revelación de cada
civilización en su propio idioma: el Sur como conversaciones
entre civilizaciones.

El Sur, entonces, como nuevos universalismos

Y nuestra búsqueda de nuevos entendimientos del Sur
promete dar al mundo nuevos significados,
nuevos atracaderos.

Nos invita a crear nuevos imaginarios políticos

El Sur, entonces, como nuevo imaginario político.

sábado, 9 de enero de 2010

Reseña del nuevo libro de Ferréz y la editorial independiente Selo Povo (portugués)

Publicado en el Jornal A Tarde, Salvador, Bahia, Brasil
9 de enero de 2010
por Alejandro Reyes


Cronista de um tempo ruim a la venta en nuestra Librería La Jícara, en Oaxaca

Há poucos dias houve um evento inusitado: o lançamento de um livro de escritor periférico, primeira publicação de uma nova editora independente periférica, para um público majoritariamente periférico. Trata-se do livro Cronista de um tempo ruim, do escritor, rapper e ativista Ferréz, do Capão Redondo, periferia da Zona Sul de São Paulo. A editora é o Selo Povo, o mais recente projeto do movimento de “literatura marginal” paulista, cujo objetivo é tornar acessível o que sempre foi inacessível para os excluídos: a palavra escrita. O livro vende por R$5,00 e tem distribuição nas favelas e periferias do país.

Cronista de um tempo ruim contém textos publicados na revista Caros Amigos, Folha de S. Paulo, Le Monde Diplomatique Brasil, revista Trip e Relatório da ONU. São crônicas que não apenas descrevem, comentam e tornam visível a experiência cotidiana nas periferias do Brasil, mas estendem-se em reflexões sobre o país e o mundo, a partir do olhar de quem está por fora dos discursos hegemônicos.

“No início foi o grito”, escreve John Holloway em Como mudar o mundo sem tomar o poder. “Defrontados com a mutilação das vidas humanas pelo capitalismo, um grito de tristeza, um grito de horror, um grito de raiva, um grito de recusa: Não.” Na escrita periférica (marginal, popular ou como se lhe queira chamar) o grito está sempre na origem: a necessidade de narrar, de tornar visível a dor e a indignação.

Na crônica “Realidade que Machuca”, Ferréz começa com um diálogo fictício, muito duro, sobre o aborto. Depois o autor explica: “Eu estava bolando o texto há várias semanas, ia ter várias frases que machucam, mas a realidade foi pior outra vez”. Então ele passa a narrar o caso real do assassínio de vários moradores de rua a pauladas. Se por um lado o autor se esforça por construir o texto com elementos capazes de tirar o leitor da sua confortável distância, permanece a angústia de não conseguir exprimir os horrores, muito mais cruentos, do cotidiano.

O grito pode tomar muitas formas. Uma delas é a violência aparentemente gratuita que provém não apenas da pobreza, mas, sobretudo, da humilhação cotidiana; a do crime; a dos jovens que preferem morrer cedo com arma na mão e ter os produtos de consumo que supostamente conferem dignidade e respeito. O grito pode até significar a revolta armada, quando todas as alternativas parecem fechadas. “Nada explica a falta de um grupo guerrilheiro que vá para o Senado e exploda tudo, nada explica a cabeça baixa, a humilhação diária aceita por todos”, escreve Ferréz em “Voltei e Estou Armado”. Mas, para os escritores periféricos, a literatura é uma tentativa de transformar o grito em algo inteligível, por um lado, e em opção pacífica para o que, visto da perspectiva das populações periféricas, é uma guerra sem trégua. Trocar os fuzis pela palavra, fazer arma da palavra, “ser condenado por porte ilegal de inteligência”: é esse o desafio explícito na escrita de Ferréz.

Nas crônicas em Cronista de um tempo ruim, o autor fala de uma ampla variedade de temas que, lidos em conjunto, dão um panorama global da vida nas periferias e favelas. O desemprego, os valores de consumo, o papel da mídia, o fundamentalismo religioso, as políticas paternalistas governamentais, o tráfico, a violência, a corrupção e o abuso policial.

A corrupção, a repressão e a impunidade policial é um dos temas centrais do livro. Em uma conversa informal com Ferréz e outros parceiros na loja 1dasul (marca de modas da favela, projeto de autonomia vinculada ao movimento de literatura marginal), no Capão Redondo, todos eles contaram histórias escabrosas de abuso policial. Ser pobre (e negro) é um crime, que se castiga fora dos parâmetros do sistema jurídico, com a extorsão, a violência ou o assassínio impune. “A única coisa que representa o governo por aqui é a polícia”... o Estado, como provedor de direitos numa democracia liberal, está ausente nas favelas e periferias, fazendo-se apenas presente na forma da repressão.

É no contexto desta violência, além da econômica e da social, que Ferréz interpreta a temática, por exemplo, do crime organizado. A política de mão dura, diz ele, não soluciona nada: “A facção [SPCC] é forte, tem muitos homens, tem muitas armas, tem gente de todas as classes e uma coisa que o estado não tem. Eles não têm medo de perder, porque não têm o que perder.”

Para além do conteúdo, a escrita de Ferréz é singular pela própria linguagem. É a periferia se apropriando da língua erudita, transformando-a, virando-a pelo avesso, inserindo nela a oralidade popular e a poesia do rap, como no caso de “Certezas pelo ralo”. É a língua como veículo para a compreensão de realidades díspares, mediação numa guerra de desigualdade, convite ao diálogo, mas, também, interpelação ao leitor e exigência de pensarmos, todos, na responsabilidade coletiva em um sistema em que “ninguém é inocente”.

Afinal, se tivéssemos que resumir a proposta do livro, talvez seria na forma de uma interrogação: “Caixinhas, todos somos separados em caixinhas, mas a pergunta é: quem embala tudo isso?”

Cronista de um tempo ruim / Ferréz / Selo Povo / 128 p. / 5 reais